segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A Teoria da Complexidade Aplicada.


Inúteis são as tentativas de aplicação do método moderno das ciências físicas, para o entendimento do universo dos fenômenos do coração. Os questionamentos multiplicam-se velozmente, e várias são as hipóteses quanto se trata desta temática. As incertezas são uma constante! O estado de não-saber, de não compreender o que de fato se passa é angustiante e até certo ponto, excitante. Toda essa sensação me fez pensar na Teoria da Complexidade. Visto que pode ser compreendida como um modelo paradigmático que comporta as incertezas como um princípio à construção do conhecimento. Para Edgar Morin em à Introdução ao Pensamento Complexo, diz que: "À primeira vista, a complexidade (complexus: o que é tecido em conjunto) é um tecido de constituintes heterogêneos inseparavelmente associados: coloca o paradoxo do uno e do múltiplo. Na segunda abordagem, a complexidade é efetivamente o tecido de acontecimentos, ações, interações, retroações, determinações, acasos, que constituem o nosso mundo fenomenal. Mas então a complexidade apresenta-se com os traços inquietantes da confusão, do inextricável, da desordem, da ambigüidade, da incerteza... Daí a necessidade, para o conhecimento, de pôr ordem nos fenômenos ao rejeitar a desordem, de afastar o incerto, isto é, de selecionar os elementos de ordem e de certeza, de retirar a ambigüidade, de clarificar, de distinguir, de hierarquizar... Mas tais operações, necessárias à inteligibilidade, correm o risco de a tornar cega se eliminarem os outros caracteres do complexus; e efetivamente, como o indiquei, elas tornam-nos cegos". Tais conceitos parecem-me muito válidos ao campo do amor, pois o relacionamento afetivo é caracterizado pela incerteza e pela incompletude. Não há certezas ao coração, apenas possibilidades! O primeiro indício do estado de amar, propriamente dito, é caracterizado por uma incômoda sensação, a qual não encontramos padrões estabelecidos para a sua classificação. Ao mesmo tempo em que se expressa como uma leveza de sentimentos, outrora transmuta-se como uma angustiante incerteza. Uma inquietude que nos faz perder a fome, o sono e o equilíbrio. Não sabemos o que pensar, mas a imagem daquilo que nos perturba é um objeto constante de análises. Procuramos, cuidadosamente, repassar em nossas mentes as palavras proferidas, e as não ditas verbalmente, mas expressadas através dos olhares, das atitudes e comportamentos. Ao mesmo tempo em que temos todas estas observações e/ou constatações, positivas muitas vezes ao entedimento daqueles que não participam emocionalmente daquele sistema complexo do amor. Porém para quem está nele inserido é muito mais fácil a negação daquilo que gostaríamos de que fosse o esperado. E numa tentativa de auto-preservação preferimos manter a dita neutralidade proveniente do paradigma moderno. Se para a estruturação do conhecimento científico isto é um mito, imagine para os que estão envolvidos nesta problemática. Mas apesar dos infrutíferos esforços de nosso ego para a fuga de tal associação, todos os nossos pensamentos procuram criar pontes que nos façam alcançar o objeto estudado, para nos identificar a ele. Neste ponto, pesquisador e objeto de estudo passam a ser um só, uma só realidade, na qual a separatividade não é mais possível. Nem que seja naquele momento. Eis que presenciamos o movimento do fenômeno e a nossa interferência naquilo que é pesquisado. O caos está instalado! Mas há ordem na aparente desordem? Uma ordem desordenada que é formada apartir da relação dialógica existente entre os fenômenos... O permanente estado de vir-a-ser aumenta as perspectivas acerca daquilo que está a ser descoberto, ou não, porém uma postura otimista se faz extremamente necessária para o prosseguimento das observações, e da continuidade da pesquisa participante. Mesmo sem saber se teremos êxito nas comprovações de nossas hipóteses e nas resoluções de nossos questionamentos. O pesquisador deverá manter-se aberto as possíveis alterações provenientes da complexidade do fenômeno. Enfim, dando um descanso aos esforços para a elaboração de nossas especulações, deixo registradas as palavras de Arlindo Cruz: "Se perguntar o que é o amor pra mim/ Não sei responder/ Não sei explicar/ Mas sei que o amor nasceu dentro de mim/ Me fez renascer/ Me fez despertar/ Me disseram uma vez/ Que o danado do amor/ Pode ser fatal/ Dor sem ter remédio pra curar/ Me disseram também/ Que o amor faz bem/ E que vence o mal/ E até hoje ninguém conseguiu definir/ O que é o amor". Portanto, cabe-me dizer que, o Amor é a Teoria da Complexidade aplicada!