quinta-feira, 29 de julho de 2010

O estado de não-amar...


"Não se afobe, não/ Que nada é pra já/ Amores serão sempre amáveis/ Futuros amantes, quiçá/ Se amarão sem saber/ Com o amor que eu um dia/ Deixei pra você". Chico Buarque.

Ainda a pouco, conversando com uma amiga que demonstrava certa preocupação com seu estado de 'solidão' e respondendo à angústia apresentada por ela, utilizei-me das palavras de Chico: "Não se afobe, não/ que nada é pra já/ Amores serão sempre amáveis". Neste momento, um questionamento me veio à mente: Por que temos a necessidade de criarmos um drama para algo que é tão simples e trivial? Visto que, trocamos de 'amores' como trocamos de roupa! Arrisco uma resposta que foi sendo formulada durante o decorrer do tempo, pelas inúmeras tempestades emocionais que atravessei nas relações afetivas que tive. Destas vivências, ficou-me evidente que, não amamos (necessariamente) a pessoa que está conosco; amamos sim, o estado de 'amar' e tudo aquilo que ela nos proporciona de bom e que alimenta o nosso ego... A pessoa é apenas um meio facilitador para isto, mas não constitui o processo em si. Paremos para pensar sobre as pessoas que cruzaram nossas vidas ( e que não devem ter sido poucas) , quantas vezes já nos apaixonamos e nos decepcionamos? Quantas vezes já terminamos um relacionamento? A resposta seria: Inúmeras vezes!!! Portanto, somente o Amor permanece, as pessoas se vão!!!E lutamos por ele... e não pelas pessoas!!! O nível de indignação que esta conversa me trouxe, fez-me pensar no estado do não-amar ao próximo, termo que acabei utilizando para defender meu posicionamento no diálogo e que gerou um certo mal-estar da parte dela. Devo esclarecer que não sou defensor do desamor, sou contra aquilo que a maioria das pessoas teimam em classificar de amor. A minha compreensão acerca do não-amar o apresenta como a antítese do 'amor piegas' (pra não dizer sentimentalismo 'barato') que as pessoas alimentam, cotidianamente, com a sua infelicidade, carência e possessividade... Infelizmente, a maioria das pessoas optam por 'empurrarem' a relação como algo parasitário, onde a vida-a-dois, sustenta-se através de uma falsa dependência, onde temos a consciência de seus males, mas mesmo assim, continuamos presos, devido nossas insatisfações e carências emocionais... Pura ilusão... Por isto, vivo e defendo o meu estado de não-amar... E ainda afirmo que, a força motriz do meu viver reside nele... Portanto, não-amemos ao próximo!!!